A nova estratégia de crescimento da União Europeia passa por um futuro mais verde. Novas profissões estão a surgir e as existentes estão a mudar, sendo fundamental melhorar e requalificar as competências em todos os setores, mas especialmente na área verde. Identificar as profissões “verdes”nem sempre é fácil, por isso, o CEDEFOP avalia o “ecologismo” com base nas competências e tarefas do posto de trabalho e não no cargo.
A implementação do Pacto Ecológico Europeu pode criar cerca de 2,5 milhões de postos de trabalho em todos os setores e níveis de competência. As profissões que contribuem para a inovação, em especial nos domínios da engenharia, da investigação e do desenvolvimento, serão cada vez mais importantes, sendo indispensáveis para assegurar a transição ecológica. Estas “profissões tiroide”, como lhes chama o CEDEFOP, como os engenheiros de tratamento de resíduos ou de combustíveis alternativos e as novas profissões, estão ligadas ao desenvolvimento de produtos mais sustentáveis e implicam competências elevadas. No entanto, profissões que requerem qualificações médias, com perfis mais técnicos, como é o caso dos operadores de centrais de energias de fontes renováveis e os técnicos de biogás, são igualmente essenciais.
PROFISSÕES-CHAVE PARA A TRANSIÇÃO ECOLÓGICA
A digitalização, a outra componente da dupla transição, é um motor fundamental para a mudança de competências e de emprego. Espera-se um crescimento significativo nas profissões na área das tecnologias da informação e comunicação (TIC), que também serão importantes para fomentar a transição ecológica.
As profissões, a que o CEDEFOP chamou de “corações e mentes verdes” conduzirão os trabalhadores a comportamentos mais sustentáveis. Especialistas em recursos humanos e formadores em sustentabilidade, podem facilitar a transição dos trabalhadores e ajudar a resolver a escassez de competências.
A formação, inicial e contínua, é importante para colmatar as futuras necessidades de competências decorrentes da transição ecológica. Todos os setores cruciais para a transição ecológica, tais como a construção e a energia, dependem de empregos que requerem competências intermédias às quais a formação profissional dá acesso. Embora o ensino superior seja a via principal para algumas “profissões tiroide”, a formação profissional é cada vez mais utilizada para o desenvolvimento de profissionais mais ajustados a estas necessidades. Enquanto os engenheiros envolvidos na conceção e gestão de novas tecnologias precisam de um diploma universitário, os técnicos de tratamento de resíduos e outros perfis de competências técnicas relevantes precisam normalmente de níveis intermédios de competências.
A formação profissional contínua desempenha também um papel importante no apoio à melhoria e requalificação dos trabalhadores. O CEDEFOP identificou boas práticas em empresas que fornecem mais formação em sustentabilidade, a trabalhadores de todos os departamentos e com diversas profissões. A formação contínua pode também ajudar os grupos vulneráveis a ocupar postos de trabalho em profissões verdes críticas. As microcredenciais, que não conduzem a uma qualificação completa, podem ser um instrumento poderoso neste contexto.
De acordo com o CEDEFOP, os programas de formação profissional existentes devem ser atualizados e enriquecidos de modo a proporcionar competências específicas e transversais relevantes para a transição ecológica. O CEDEFOP refere ainda que há margem para incluir módulos desenvolvidos especificamente para a transição ecológica numa vasta gama de cursos e programas. São necessários mais cursos de aprendizagem baseada em problemas, formação em simbiose industrial, programas de formação inicial de nível mais elevado do Quadro Europeu de Qualificações (QEQ) em processos-chave da economia circular e desenvolvimento de módulos relacionados com as TIC.
A transição ecológica não se limita a setores da energia ou do ambiente, antes, permeia todos os setores e profissões, As competências verdes, inicialmente consideradas sobretudo técnicas e específicas para o posto de trabalho, passam a ser competências para a transição ecológica baseadas numa mentalidade global ecológica. As profissões na área ambiental não se limitam apenas às que impulsionam inovações tecnológicas e o desenvolvimento de infraestruturas sustentáveis. Incluem também profissões dedicadas a facilitar a transição das economias e sociedades da União Europeia para modelos mais sustentáveis e baseados na economia circular. A formação desempenha, assim, um papel fundamental ao disponibilizar as competências necessárias para a criação e implementação de novas tecnologias verdes, mas também ao fomentar uma mentalidade inovadora e ecológica global, essencial para impulsionar e concretizar a transição ambiental.