O Estudo aponta que a aposta na educação e na formação contínua é crucial para assegurar aos portugueses perspetivas de empregabilidade de qualidade, realização pessoal e bem-estar. É fundamental para as empresas serem mais bem geridas e mais produtivas e urgente para um Portugal mais competitivo e desenvolvido. De acordo com o estudo, durante o ano de 2022, os indicadores-chave da educação e do alinhamento entre educação e emprego progrediram, mas os indicadores relativos ao emprego mantiveram-se.
Um indicador importante para aferir o alinhamento entre educação e emprego é a taxa de emprego de jovens que terminaram ciclos de ensino nos três anos anteriores. Este indicador permite aferir que essa taxa aumentou em 2022, fixando-se em 78%. Na média dos países da União Europeia o indicador situou-se nos 81,3%.
No entanto, em 2022, uma parte significativa dos jovens adultos (25-34 anos) com o ensino superior estavam empregados, mas trabalhavam em profissões desajustadas ao seu nível de escolaridade (cerca de 22,4%), um valor significativamente superior ao do início da década anterior (16,6% em 2011). Este desajustamento resulta de uma sub-utilização de competências adquiridas e é reveladora de um potencial desencontro entre formação superior e emprego. Em 2022, o peso do emprego nos setores tecnológicos e intensivos em conhecimento, em Portugal, recuou para 44%, sendo, no entanto, o valor mais elevado da década, com exceção do de 2021, com 45,2%. O país tem vindo a diminuir o fosso em relação à média europeia neste indicador, que se fixou em 46,7% em 2022.
A participação de adultos em educação e formação está a aumentar desde 2017, com exceção do ano de 2020 (ano de pandemia). Apesar desta evolução, o valor em 2022 é modesto e apenas 13,8% dos adultos participaram em educação e formação, um valor que é superior à média europeia (11,9%), mas abaixo da média dos 5 cincos países mais bem posicionados (27%). São os mais escolarizados que mais participam em educação e formação (24%), mas há um aumento na participação dos adultos menos escolarizados, em particular com o ensino secundário, sendo de 2 pontos percentuais o aumento entre 2021 e 2022, para 14% em 2022.
Apesar da melhoria, Portugal continua no topo da União Europeia em termos de na percentagem de adultos com baixa escolaridade. Em 2022, 39,7% dos adultos entre os 25 e os 64 anos tinham completado, no máximo, o ensino básico, o que é manifestamente negativo se compararmos com a média da União Europeia se fixou nos 20,5%, isto apesar da grande progressão face aos 65,4% de 2011.
O relatório da Fundação José Neves destaca a escolaridade dos jovens como um dos indicadores de educação que tem tido uma evolução notável em Portugal. A taxa de abandono escolar diminuiu de 23% em 2011 para 6% em 2022. O aumento da percentagem de jovens adultos (dos 25 aos 34 anos) com o ensino superior também foi significativo, de 27,5% em 2011 para 44,4% em 2022, colocando Portugal ligeiramente acima da média dos países da União Europeia, de 42%.
No que respeita à evolução dos salários, em 2022, o ganho salarial dos jovens adultos com o ensino superior, face ao secundário, caiu para pouco mais de metade do registado em 2011. Nesse ano, um jovem adulto (25-34 anos) com um curso superior tinha, em média, um salário cerca de 50% superior ao de um jovem adulto com o ensino secundário, em 2019 essa diferença diminuiu para 32%. Em 2022, o valor caiu para 27%, em resultado da queda dos salários em termos reais destes dois grupos.
Sobre o mercado de trabalho, as conclusões do estudo revelam que o ano de 2022 teve a maior taxa de emprego desde o início da década anterior: 75%. O desemprego também recuperou, exceto para os jovens. No final de 2022, a taxa de desemprego da população entre os 18 e 64 anos de idade era aproximadamente de 6,6%. No caso dos jovens, o impacto da pandemia é mais persistente. Em 2022, a taxa de desemprego para os jovens entre os 18 e os 34 anos fixou-se nos 10,7%.
O estudo confirma ainda que as competências digitais são mais valorizadas após a pandemia. Em 2022, das competências pedidas em ofertas de emprego, 28% eram digitais, sendo as que viram o seu peso aumentar de forma mais significativa: em 2019, representavam cerca de 25% das competências mencionadas em ofertas de emprego. Foi igualmente notório um aumento ao nível das ofertas de emprego que mencionavam competências digitais. Em 2022, 66% das ofertas solicitaram pelo menos uma competência digital, em linha com o valor de 2020, mas muito superior aos 54% de 2019.
O “Estado da Nação: Educação, Emprego e Competências em Portugal” tem o objetivo de apresentar a situação do país nestes domínios e promover a discussão pública para uma urgente evolução do sistema de educação e formação e o seu alinhamento com as necessidades do mercado de trabalho e com os desafios do futuro.
Em Portugal, os fundos europeus têm contribuído de forma muito impactante para a resposta às questões da qualificação e do emprego da população. O PO CH apoiou a qualificação da população portuguesa, entre 2014 e 2020, num total de 1 milhão 133 mil pessoas, entre jovens e adultos, com um investimento total de 4 830 milhões de euros (M€), que integram 4 119 M€ de apoios do Fundo Social Europeu. Para o novo período de programação 2021-2017, o PESSOAS 2030 concentra em si os apoios ao emprego, às qualificações e à inserção social, promovendo de forma transversal a resposta aos problemas demográficos. O valor total de investimento aprovado ascende aos 5 691 M€ de Fundo Social Europeu +.