O discurso de ódio na educação: um guia para formuladores de políticas

A UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura através do seu Gabinete para a Prevenção do Genocídio e a Responsabilidade de Proteger desenvolveu um guia para formuladores de políticas que explora respostas educacionais e fornece orientação e recomendações sobre como fortalecer os sistemas educacionais para combater o discurso de ódio.
14 de Agosto, 2023

Combater narrativas nocivas, discriminatórias e violentas na forma de xenofobia, racismo, anti-semitismo, ódio antimuçulmano e outros tipos de intolerância, seja online ou offline, requer intervenções em todos os níveis de educação, tanto em contextos formais como não formais. Este guia oferece recomendações concretas, boas práticas e evidência das lições aprendidas para promover ambientes de aprendizagem seguros e respeitosos, e sociedades inclusivas.

O discurso de ódio espalha-se de forma rápida , resultado do crescimento do número de utilizadores nas  redes sociais e da ascensão do populismo. Tem o potencial de inflamar e alimentar a violência, gerar ideologias extremistas, incluindo criminosas e terroristas.  Discrimina atacando direitos humanos individuais e coletivos e minando a coesão social.

A educação pode desempenhar um papel central no combate às narrativas de ódio e ao surgimento da violência dirigida a grupos. Respostas educativas ao discurso de ódio incluem:

  • Capacitar professores e alunos sobre os valores e práticas a respeitar na relação  com os cidadãos globais e digitais;
  • Adotar abordagens pedagógicas e de toda a escola para fortalecer a aprendizagem social e emocional;
  • Rever e reformular currículos e materiais educacionais para os tornar culturalmente adequados, incluindo conteúdo que identifique o discurso de ódio e promova o direito à liberdade de expressão;

 O guia de políticas desenvolvido pela UNESCO explora respostas educacionais e fornece orientações e  recomendações adicionais para promover o combate à intolerância. 

A UNESCO, a agência especializada em educação das Nações Unidas, tem a responsabilidade de liderar e coordenar a Agenda Educação 2030, que faz parte de um movimento global para erradicar a pobreza por meio de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030. A Educação, essencial para alcançar todos esses objetivos, tem o seu próprio Objetivo, o 4, que visa “garantir uma educação de qualidade inclusiva e equitativa e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todas as pessoas”. 

O PESSOAS 2030 tem, no nosso país, um papel a desempenhar por via do financiamento da promoção da inclusão social de grupos minoritários e/ou desfavorecidos através da educação e da qualificação, sobretudo nas fronteiras onde estas duas grandes áreas de intervenção prioritária se sobrepõem. 

Uma educação inclusiva e equitativa é fundamental para capacitar indivíduos de grupos marginalizados, permitindo-lhes participar plenamente na sociedade e contribuir para o desenvolvimento comunitário. A inclusão social destes grupos marginalizados é um fator-chave para minimizar o discurso de ódio, pois promove a diversidade, a tolerância e o respeito mútuo. 

O PESSOAS 2030 vai apoiar medidas como os cursos de educação e formação de adultos, sobretudo desempregados de longa duração, que necessitem de (re)qualificação profissional.  Também os cursos de educação e formação, para que jovens entre os 15 e os 29 anos e alguns anos de retenção voltem a ter uma oportunidade de integrar o sistema de ensino, estão no âmbito dos apoios do Programa.  O PESSOAS 2030 vai apoiar a (re)integração de jovens NEET (jovens que não frequentam educação ou formação nem estão empregados), bem como a  integração de pessoas ciganas na sociedade, por via da sua qualificação e inserção no mercado de trabalho. A integração de migrantes, através do apoio financeiro a organizações com essa finalidade, e ainda  o investimento na aprendizagem de língua portuguesa por cidadãos estrangeiros estão também debaixo da alçada do Programa. Os apoios do PESSOAS 2030 na área que promove mais e melhor inclusão de pessoas em risco ou em situação de exclusão social atingem 1.184 milhões de euros do Fundo Social Europeu Mais. 

Infelizmente, a discriminação e o preconceito ainda persistem em muitos sistemas educacionais. Portanto, é crucial que os sistemas de ensino sejam concebidos e repensados de forma inclusiva, oferecendo igualdade de oportunidades para todos os alunos, independentemente da sua origem étnica, religiosa, socioeconómica, do género, ou de qualquer outra característica que os distinga.

Aceda aqui ao Guia da UNESCO

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