Eurydice lança relatório sobre aprendizagem para a sustentabilidade na Europa

A rede Eurydice acaba de disponibilizar o relatório intitulado "Aprender para a sustentabilidade na Europa: Desenvolver competências e apoiar professores e escolas" que destaca os avanços e os desafios na integração das competências de sustentabilidade em 39 sistemas educativos europeus, desde o ensino básico ao secundário, incluindo o ensino profissional.
18 de Abril, 2024

A educação é uma força fundamental para apoiar a transição verde e a construção de uma economia sustentável, para o futuro das sociedades e economias europeias. O compromisso da UE consiste em garantir que todos os jovens europeus tenham acesso a uma educação e formação de elevada qualidade, incluindo em matéria de sustentabilidade. Para atingir esse objetivo, é preciso desenvolver estratégias abrangentes que priorizem a aprendizagem para a sustentabilidade entre escolas, educadores e alunos.

A rede Eurydice, uma rede europeia que promove uma análise comparativa abrangente sobre políticas e sistemas educativos na Europa, apresenta, neste relatório, um olhar detalhado sobre como a sustentabilidade está a ser ensinada nas escolas, do ensino primário ao secundário, incluindo o ensino profissional. O relatório analisa as práticas educativas que visam preparar os jovens para um futuro sustentável, evidenciando a adoção de temas de sustentabilidade como competências transversais na maioria dos sistemas educativos analisados.

O trabalho realizado revela que, embora a maioria dos países inclua a sustentabilidade como um tema interdisciplinar, apenas nove sistemas educativos tratam o tema como uma disciplina independente. Predominantemente, a sustentabilidade está incorporada em disciplinas científicas e na educação para a cidadania, mostrando poucas variações entre os níveis de ensino.

Nos sistemas educativos que adotam uma abordagem holística à sustentabilidade, as competências relacionadas estão integradas de forma abrangente nos currículos. O relatório destaca Portugal como um dos países exemplares nesta abordagem, incorporando as competências de sustentabilidade em todo o seu currículo educativo, refletindo o compromisso do país com a educação ambiental e sustentável.

O relatório estudou o papel fundamental dos professores no desenvolvimento das competências de sustentabilidade entre os alunos. Destaca a importância de proporcionar apoio direcionado, orientação e formação aos professores. Embora a maioria dos países europeus ofereça atividades de desenvolvimento profissional contínuo sobre sustentabilidade, menos de metade inclui objetivos de aprendizagem relacionados com sustentabilidade nas diretrizes dos programas de formação de professores. Estes objetivos geralmente abordam a compreensão de conceitos chave, valores e problemas de sustentabilidade e a incorporação desses temas no ensino sob uma perspectiva interdisciplinar. O relatório também menciona a necessidade de inovação nas metodologias de ensino e a promoção da abordagem transcurricular.

O estudo aborda ainda os esforços dos sistemas para estabelecer ambientes de aprendizagem que ativem toda a escola na questão da sustentabilidade e verificou que a maioria dos sistemas educativos europeus recebe orientações e ferramentas das autoridades de educação para desenvolver abordagens integradas neste âmbito. Muitos países participam de programas internacionais como as Eco Escolas e/ou a Rede de Escolas da UNESCO, enquanto quase metade dos sistemas possuem mecanismos nacionais que reconhecem escolas que se destacam em sustentabilidade.

O estudo observa um investimento ainda incipiente em infraestruturas de pequena escala relevantes para a aprendizagem para a sustentabilidade, como jardins escolares ou infraestruturas de reciclagem, que são mais frequentes no ensino secundário do que no primário. A ligação entre as escolas e os atores externos também é examinada, revelando que 18 dos 39 sistemas educativos analisados mostram uma colaboração efetiva.

Este relatório da Eurydice destaca o estado atual da educação para a sustentabilidade na Europa, e é também um alerta para a necessidade de políticas mais robustas e integradas que apoiem os educadores e as escolas nesta transição essencial. Com o avanço da crise climática, torna-se cada vez mais imperativo que os sistemas educativos informem os alunos sobre os desafios da sustentabilidade, e que os habilitem a contribuir ativamente para um futuro sustentável.

Em Portugal, o PESSOAS 2030 apoia a formação inicial de jovens, onde se destacam os cursos profissionais e os cursos de aprendizagem, que formam quadros intermédios, especializados na sua área de educação e formação. Ao focar o tema da sustentabilidade, os currículos da via de dupla certificação, para além de transmitirem conhecimentos técnicos e práticos indispensáveis para o mercado de trabalho, promovem a consciência ambiental e social. Esta abordagem ajuda a formar profissionais que possuem competências específicas na sua área, mas que também estão aptos a pensar de forma crítica e inovadora sobre a forma como as suas ações e as das indústrias empregadoras impactam o mundo, incentivando a adoção de práticas mais sustentáveis e responsáveis nos diversos setores económicos.

Desde o início do atual período de programação o PESSOAS 2030 já apoiou 26.850 formandos em cursos profissionais e pretende abranger nesta medida, até 2029, um total de 366.000 jovens.

Aceda aqui ao relatório

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