Apesar de existir há mais de 30 anos, o ensino profissional continua a ser alvo de preconceitos. Associado muitas vezes a alunos com dificuldades de aprendizagem no decurso do seu percurso escolar anterior, este tipo de formação tem provado ser um caminho de sucesso para muitos jovens, tanto no mercado de trabalho, como no ensino superior.
O canal noticioso SAPO24 partilhou recentemente a história de Beatriz Ribeiro, uma jovem que, após concluir o seu Curso Profissional Técnico de Ação Educativa, optou por continuar a sua formação no ensino superior para realizar o sonho de ser educadora de infância. Beatriz destaca que, embora tenha enfrentado críticas por ter escolhido o ensino profissional, a sua opção trouxe-lhe uma sólida preparação prática e teórica. O curso profissional abriu-lhe portas, permitindo-lhe ingressar no mercado de trabalho como auxiliar de educação, caso pretendesse, ou prosseguir estudos superiores. Apesar de ter recebido uma oferta de emprego assim que terminou o estágio, Beatriz decidiu continuar os estudos para um Curso Técnico Superior Profissional e, ao longo da sua frequência, notou diferenças nos níveis de aprendizagem de quem vinha do ensino regular ou de um curso profissional. Quem tinha frequentado a via profissionalizante tinha muito mais experiência e estava muito melhor preparado. Hoje, Beatriz está matriculada numa licenciatura em Educação Básica, avançando no seu percurso para se tornar educadora, um sonho de longa data.
Ao longo do seu percurso, Beatriz enfrentou desafios comuns a muitos alunos da via profissionalizante, como o preconceito de que estes cursos são para quem tem menos capacidades. No entanto, ela frisa que os cursos profissionais exigem muita dedicação e que, no final, são complementados com uma prova de aptidão profissional que avalia todas as competências adquiridas. Beatriz destaca o ensino profissional como “a melhor escolha” que fez.
Histórias como a de Beatriz refletem a importância dos cursos profissionais em proporcionar oportunidades concretas para jovens que desejam adquirir competências específicas e, ao mesmo tempo, manter abertas as opções de progressão académica. O relatório da Fundação José Neves, recentemente divulgado, confirma que 84% dos alunos do ensino profissional em Portugal concluíram os seus cursos no ano letivo 2021/2022 e 24% prosseguiram para o ensino superior, números que demonstram a eficácia desta via de ensino.
Nas regiões Norte, Centro e Alentejo, o programa PESSOAS 2030, com o apoio do Fundo Social Europeu Mais (FSE+), tem sido fundamental para promover o ensino profissional, que dá aos jovens a oportunidade de concluir o ensino secundário ao mesmo tempo que adquirem uma certificação profissional que facilita a sua entrada no mercado de trabalho. Por esta via, muitos jovens encontram um caminho de sucesso que lhes permite ganhar experiência prática desde logo, mas também continuar a desenvolver o seu percurso académico.
O PESSOAS 2030 com o investimento do FSE+ e Estado português vai continuar a apoiar o ensino e formação profissional para jovens durante o período de programação 2021-2027. Até 2029 pretende vir a apoiar 366 mil formandos jovens nesta modalidade formativa, como objetivo de atingir, pelo menos, 65% de empregabilidade à mesma data. Desta forma, contribuirá para que mais jovens tenham a possibilidade de construir carreiras bem-sucedidas em áreas técnicas, essenciais para o desenvolvimento do país.