O Education and Training Monitor 2024 revela que, apesar de 83,6% dos jovens reconhecerem a importância de adotar estilos de vida mais sustentáveis, poucos aplicam este conhecimento. Apenas 29,8% dos jovens na União Europeia (UE) realizam ações concretas de sustentabilidade no quotidiano, evidenciando a necessidade de maior apoio escolar para ligar a teoria à prática. Embora a maioria dos sistemas educativos da UE tenha iniciado esforços para integrar abordagens escolares globais sobre sustentabilidade, a cobertura curricular continua limitada. As competências relacionadas com a capacidade de antecipar, analisar e tomar decisões estratégicas para moldar o futuro, designada de literacia de futuros, são das menos abordadas, embora essenciais para promover a ação, Além disso, muitos professores sentem-se pouco preparados para adotar práticas transformadoras devido à falta de formação contínua.
De acordo com o documento, o conceito de aprendizagem para a sustentabilidade está bem integrado no sistema educativo português, desde o pré-escolar até ao secundário. Programas como a Estratégia Nacional de Educação Ambiental e a Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania promovem estas competências, alinhando-se com as metas europeias. Segundo o Eurobarómetro, 86% dos jovens portugueses afirmam ter aprendido a cuidar do ambiente durante o percurso educativo, valor significativamente superior à média da União Europeia, de 72%. Apesar destes avanços, persistem desafios, como a necessidade de envolver todas as partes interessadas, incluindo famílias e reforçar a formação de professores para abordar questões ambientais de forma mais eficaz.
O documento destaca progressos significativos noutras áreas. A educação pré-escolar na UE alcançou 93,1% das crianças entre os 3 anos e o início do ensino primário, em 2022. Portugal é citado como exemplo de sucesso, graças a reformas que aumentaram a participação nesta etapa da educação, com uma taxa de 96,3%. Contudo, subsistem desigualdades no nosso país, sobretudo entre crianças em risco de pobreza ou exclusão social.
No combate ao abandono escolar precoce, a taxa global na UE desceu para 9,5% em 2023, mas ainda afeta 3,1 milhões de jovens. Em Portugal, essa taxa, apesar de ter aumentado face a 2022, continua inferior à média europeia, situando-se nos 8,1%. Jovens com deficiência e migrantes de primeira geração permanecem particularmente vulneráveis.
O desempenho em competências básicas como leitura, matemática e ciências continua a deteriorar-se, com níveis recorde de subutilização que ameaçam a competitividade e resiliência da sociedade europeia. Em Portugal, o desempenho dos alunos nestas competências básicas é motivo de preocupação. Em matemática, por exemplo, a taxa de insucesso subiu para 29,7%, alinhando-se com a média da UE. Programas como o “23|24 Escola+” procuram mitigar os efeitos negativos da pandemia e reforçar competências em áreas críticas. Contudo, os jovens mais desfavorecidos continuam a enfrentar maiores dificuldades em alcançar níveis mínimos de desempenho.
A formação profissional apresenta resultados animadores, com 64,5% dos alunos a beneficiarem de aprendizagem em contexto de trabalho, superando a meta da UE para 2025. A ligação entre esta modalidade e a empregabilidade é clara: na Europa, 81% dos diplomados recentes de formação profissional conseguem emprego, a maior taxa desde 2014. Contudo, a mobilidade internacional nesta área é insuficiente, ficando aquém da meta de 12% para 2030. Em Portugal, 74,1% dos estudantes da formação profissional participam em aprendizagens em contexto de trabalho, superando a média europeia em quase 10 pontos percentuais. Contudo, a taxa de empregabilidade dos diplomados do ensino profissional é inferior à média da UE, refletindo a necessidade de maior alinhamento entre a oferta formativa e as exigências do mercado de trabalho.
O ensino superior continua a crescer, com uma taxa média europeia de 43,1% de conclusão entre jovens adultos. No entanto, áreas-chave como Tecnologias de Informação e Comunicação apresentam baixos níveis de adesão e conclusão, dificultando o cumprimento da meta de 20 milhões de especialistas em TIC até 2030. A mobilidade de estudantes no ensino superior também está aquém das expectativas, com apenas 11% dos jovens a estudar fora do seu país. Em Portugal, a taxa de conclusão entre jovens de 25 a 34 anos é de 41,5%, abaixo da média europeia, mesmo que registando progresso ao longo dos anos. Áreas estratégicas como ciência e tecnologia registaram uma redução no número de diplomados, indicando desafios na resposta às necessidades do mercado laboral.
O relatório evidencia a estagnação na participação de adultos em aprendizagem, que atingiu 39,5% em 2022. Grupos vulneráveis, como adultos com baixas qualificações, idosos e desempregados enfrentam barreiras significativas, intensificando desigualdades no acesso a oportunidades de requalificação e aquisição de competências. O relatório alerta para desafios que comprometem a equidade e a preparação da força de trabalho europeia para o futuro. Portugal não é exceção e enfrenta dificuldades em aumentar a taxa de participação em aprendizagem ao longo da vida, que foi de 33,4% em 2022, abaixo da média europeia, com disparidades significativas entre grupos de diferentes níveis de qualificação.
Em Portugal, o PESSOAS 2030, que apoia a educação e formação, o emprego e a inclusão social, assume um papel fundamental na resposta aos desafios persistentes e futuros. Para essa resposta, gere um investimento total de 6,7 mil milhões de euros. O Programa dedica um montante total de 3.221 milhões de euros para investir nas áreas da formação inicial de jovens e da qualificação de adultos, numa perspetiva de aprendizagem ao longo da vida. Este montante inclui 2.738 milhões provenientes do Fundo Social Europeu Mais (FSE+) e 483 milhões de financiamento nacional. Assim, o PESSOAS 2030 visa contribuir para que todos os cidadãos, jovens e adultos, tenham acesso às ferramentas necessárias para enfrentar os desafios de um mercado de trabalho em constante transformação. Por esta via, fomenta a criação de uma sociedade mais justa, resiliente e alinhada com as metas europeias, incluindo as de sustentabilidade e inovação.