Relatório destaca desafios da inteligência artificial e automação no mercado de trabalho em Portugal

PESSOAS 2030

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Um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos, intitulado “Automação e inteligência artificial no mercado de trabalho português: desafios e oportunidades”, lança um olhar sobre os efeitos da digitalização, mais precisamente da automação e da inteligência artificial (IA), no futuro do emprego em Portugal. As conclusões do estudo mostram como estas áreas estão a transformar o panorama profissional no país, criando novas oportunidades, mas também relevantes desafios para trabalhadores e empresas.
16 de Abril, 2025

O relatório classifica as profissões em quatro categorias, denominados “terrenos de digitalização”, de acordo com o grau de exposição à automação e à IA. Estas categorias ajudam a perceber quais os setores e profissões mais vulneráveis à obsolescência tecnológica e quais os que poderão beneficiar com os avanços digitais.

As chamadas “profissões em ascensão”, ligadas a áreas muito tecnológicas e com exigência de competências digitais avançadas, são vistas como impulsionadoras do crescimento económico. Estas profissões destacam-se pelos salários mais elevados e pela forte procura no mercado de trabalho. Em contraste, as “profissões em colapso”, que envolvem tarefas rotineiras e de baixa qualificação, estão em risco de desaparecer, à medida que os processos automatizados se tornam mais eficientes.

A maioria da força de trabalho portuguesa encontra-se no “terreno dos humanos”, um grupo de profissões com baixa exposição à automação, mas com potencial de transformação positiva se apoiadas em competências digitais e interpessoais. Por fim, o “terreno das máquinas”, hoje com pouca representatividade, poderá beneficiar da complementaridade entre humanos e tecnologia, embora com tendência a diminuir.

O estudo destaca ainda que a transição para uma economia digitalizada exige uma forte aposta na formação e requalificação dos trabalhadores, que também é necessária para os gestores, para garantir o alinhamento com as competências dos jovens qualificados e as necessidades do mercado. A implementação de programas de formação contínua e de parcerias com instituições de ensino é essencial para evitar o subaproveitamento de talento.

Para responder às exigências de um mercado de trabalho em rápida mudança, será essencial reforçar nos currículos a literacia digital, a compreensão da IA e o uso de tecnologias de automação. Além disso, as chamadas competências interpessoais, como a comunicação, a criatividade ou a resolução de problemas, ganham uma importância acrescida, já que são menos suscetíveis à substituição tecnológica e fundamentais para a empregabilidade a longo prazo.

Um outro aspeto sublinhado no relatório é a existência de disparidades salariais significativas entre os diferentes “terrenos de digitalização”. A solução, aponta o estudo, passa por políticas públicas que promovam incentivos à requalificação e à mobilidade profissional, especialmente para os trabalhadores mais expostos à disrupção tecnológica. Estas medidas devem ser acompanhadas de mecanismos de proteção social, garantindo estabilidade financeira durante os períodos de transição e incentivando a participação em programas de qualificação.

O estudo mostra ainda que existem disparidades na exposição às tecnologias digitais entre distritos, sendo alguns mais vulneráveis à automação destrutiva de empregos. Para mitigar este risco, são necessárias estratégias específicas de desenvolvimento para cada território, centradas na inovação e na diversificação da atividade económica.

Também os modelos de linguagem baseados em IA, como o ChatGPT, são referidos no relatório como tendo impacto transversal em muitas profissões. Embora alguns postos de trabalho possam ser substituídos, muitos poderão beneficiar da complementaridade entre a IA e o trabalho humano, especialmente nas áreas que exigem competências cognitivas mais desenvolvidas.

As conclusões do estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos reforçam a relevância do Programa PESSOAS 2030 e das medidas que apoia com o financiamento do Fundo Social Europeu+. O Programa aposta na formação dos jovens e na qualificação e requalificação da população em idade ativa. Para estes últimos o Programa apoia diversas medidas de política pública que promovem novas competências, e a renovação e/ou o reforço das competências já existentes nos adultos. Na área da promoção da inclusão social os apoios disponibilizados pelo programa respondem diretamente aos desafios identificados no estudo, através projetos de inclusão ativa e inovação social, com foco na qualificação e empregabilidade de públicos vulneráveis.

O PESSOAS 2030 contribui, assim, para uma transição digital mais justa e equilibrada, garantindo que ninguém seja deixado para trás. Numa altura em que o mercado de trabalho se transforma profundamente, é fundamental investir na capacitação de todos os cidadãos, promovendo a adequada formação dos jovens, oportunidades de aprendizagem ao longo da vida, maior inclusão social e melhores condições de trabalho.

Como mostra o relatório, o futuro do trabalho em Portugal será digital, mas só será verdadeiramente sustentável se for também humano. O PESSOAS 2030, através do Fundo Social Europeu Mais e Estado português, está a ajudar a construir esse futuro.

Aceda aqui ao relatório

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