Relatório PISA 2023 revela quebras no desempenho dos alunos

Foi publicada a edição 2023 do relatório PISA, que Identifica as tendências de evolução, analisa e compara o desempenho dos alunos dos países da OCDE participantes, em matemática, leitura e ciências, analisando também alguns fatores relacionados com o bem-estar. Esta edição revela que os alunos portugueses baixaram o seu desempenho em matemática e leitura, face a 2018. Nas ciências, a quebra foi menos acentuada.
7 de Dezembro, 2023

A cada três anos, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) divulga os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa). Na edição de 2023 foram divulgados os dados da avaliação mais recente, realizada em 2022, em 81 países. Estes dados são especialmente importantes porque representam a primeira avaliação internacional que mede  o desempenho dos alunos depois da pandemia de Covid-19 e do fecho de escolas, mas muito influenciada pelos seus efeitos, o que ajuda a explicar os resultados um pouco em todos os países. Os resultados permitem analisar quais os países que acumularam maiores perdas durante o período.

Cerca de 690 mil alunos dos países participantes integraram o PISA através da realização de provas de matemática, leitura e ciências. Os resultados mostram uma descida nas capacidades dos alunos dos países da OCDE. Segundo o relatório, um em cada quatro jovens de 15 anos tem um fraco desempenho em matemática, leitura e ciências, podendo não conseguir utilizar algoritmos básicos ou interpretar textos simples.

No nosso país, os alunos alcançaram 472 pontos em matemática, uma redução de 20,6 pontos em relação a 2018 e três em cada dez não alcançaram o nível mínimo satisfatório. Em leitura, os alunos portugueses obtiveram 477 pontos, uma queda de 15,2 pontos, mas 77% atingiram pelo menos o nível de satisfação, acima da média da OCDE. Em ciências, Portugal destacou-se ao registar uma descida mais ligeira, com 484 pontos em 2022, 7,3 pontos a menos que em 2018.

O relatório divulga uma lista de 18 países onde mais de 60% dos jovens de 15 anos não atingem os níveis de competência desejados. Portugal, apesar da queda nos resultados, principalmente em matemática, não está incluído nesta lista.

Os investigadores reconhecem que os resultados podem refletir os impactos do confinamento e do ensino à distância, advertindo para uma correlação direta com o desempenho dos alunos.  No entanto, constata também que a queda nos resultados já era evidente em alguns países antes da pandemia.

Apesar das dificuldades, 31 países mantiveram ou melhoraram o desempenho em matemática desde o PISA 2018, como Austrália, Japão, Coreia, Singapura e Suíça. Estes países destacam-se por terem implementado períodos mais curtos de fecho de escolas e por terem menos barreiras socioeconómicas ao ensino à distância, bem como melhor apoio contínuo de professores e pais.

O relatório da OCDE também explora aspetos relacionados com o bem-estar dos alunos, incluindo questões sobre a frequência com que eles deixaram de comer devido à falta de recursos financeiros.

No documento, Portugal, juntamente com a Finlândia e os Países Baixos, é destacado como um dos três países membros da OCDE com as menores taxas de alunos a passar fome: 2,6% em Portugal, 2,7% na Finlândia e 2,8% nos Países Baixos. Em contraste, em alguns países da OCDE mais de 10% dos alunos enfrentam insegurança alimentar, incluindo o Reino Unido com 10,5%, a Lituânia com 11%, os Estados Unidos com 13%, o Chile com 13,1%, a Colômbia com 13,3%, a Nova Zelândia com 14,1%, e a Turquia com 19,3%.

Os investigadores do PISA enfatizam que os países onde pelo menos 25% dos alunos afirmaram passar fome pelo menos uma vez por semana por questões financeiras, apresentaram os resultados mais baixos na prova de Matemática. Por isso, o relatório recomenda dez medidas, entre elas estabelecer “fundamentos robustos para a aprendizagem e bem-estar de todos os alunos”, o que inclui assegurar alimentação adequada.

O bem-estar dos alunos é também analisado à luz de como se sentem e de como é a sua vida na escola.  De acordo com o estudo, um em cada dez alunos portugueses sente-se sozinho na escola, mas a grande maioria (76%) diz fazer amigos com facilidade, o que coincide com a média da OCDE.  No entanto, uma proporção maior de alunos portugueses, 82%, tinha um sentimento de pertença em relação à sua comunidade escolar, em comparação com 75% de média da OCDE. De uma maneira geral, os números revelam que os alunos portugueses são mais felizes do que a média da OCDE.

O PISA aponta também a dedicação de professores e pais como uma das chaves do sucesso dos alunos, lembrando que por vezes “basta um jantar de família”.

Em Portugal, o PESSOAS 2030 investe na formação de jovens, através do apoio à via de dupla certificação, para promover as competências nos jovens e um caminho formativo alternativo com vista à redução do insucesso e do abandono escolar. Tenciona apoiar, até 2029, um total de, pelo menos, 414 mil jovens em cursos profissionais, a oferta com mais expressão ao nível do ensino secundário.  Vai também dar continuidade ao investimento no Plano de Recuperação das Aprendizagens (PRA) que já teve início no anterior período de programação e em várias outras medidas promotoras do sucesso escolar como, por exemplo, o apoio às escolas inseridas em territórios educativos de intervenção prioritária (TEIP). Até 2029, pretende apoiar cerca de 736 mil alunos com dificuldades de aprendizagem e 83 500 crianças e alunos de escolas TEIP.

O PESSOAS 2030 investe também na sensível esfera da privação material, através da aquisição e distribuição direta de produtos alimentares e material de base às pessoas mais carenciadas, tentando assim garantir o essencial ao dia a dia das famílias.

Aceda aqui ao relatório

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