O impacto da Inteligência Artificial nos locais de trabalho

À medida que entramos na era da inteligência artificial (IA), o CEDEFOP - Centro Europeu para o Desenvolvimento da Formação Profissional desenvolveu um estudo que abrangeu os trabalhadores que estão na linha da frente desta rápida transformação, analisando as mudanças que a IA traz ao local de trabalho e como estão a ser abordadas.
2 de Julho, 2024

As conclusões iniciais do primeiro inquérito sobre competências e trabalho com recurso a IA, realizado pelo CEDEFOP na primavera de 2024, foram apresentadas no dia 24 de junho, no 16.º Seminário do CEDEFOP em Bruxelas, organizado em parceria com a Presidência Belga do Conselho da União Europeia.

Os participantes no seminário intitulado “Aprendizagens para um local de trabalho com recurso à IA” tiveram acesso às primeiras informações sólidas e fundamentadas, a partir de um inquérito realizado a 5342 trabalhadores da Bélgica, República Checa, França, Alemanha, Grécia, Irlanda, Luxemburgo, Polónia, Portugal, Eslováquia e Espanha. O inquérito questionou os trabalhadores sobre as exigências de competências em IA nos mercados de trabalho europeus, até que ponto as empresas europeias adotam práticas de gestão favoráveis ​​ao trabalho e de que forma as competências dos trabalhadores europeus estão preparadas para a IA.

As conclusões iniciais do inquérito realizado traçam um quadro muito diversificado sobre a forma como a IA é percebida e adotada pelos trabalhadores e pelas empresas em todos os países, refletindo a clivagem digital existente. Isto sublinha a importância de políticas específicas e do investimento em competências digitais e na aprendizagem ao longo da vida para garantir que todos os trabalhadores e empresas possam aproveitar eficazmente a IA para o crescimento e a competitividade.

Ao comentar a divulgação das conclusões iniciais do inquérito, o Diretor Executivo do CEDEFOP, Jürgen Siebel, referiu que as perspetivas de longo prazo mostram que a automatização e a IA estão muito longe de ter apenas um impacto negativo no emprego, e acrescentou “Alguns empregos serão destruídos, mas o impacto global no emprego é modesto. Tornou-se claro que a tecnologia substitui tarefas com muito mais frequência do que empregos por completo, ao mesmo tempo que cria muitos outros novos”.

Portanto, as perguntas que todos devemos fazer são: Como podemos preparar as pessoas para trabalhar com recurso à IA? Que tipo de formações e de empregos precisamos para isso?

A necessidade de ajustar as competências dos adultos às exigências dos locais de trabalho modernos é fundamental especialmente porque o avanço da Inteligência Artificial está a transformar a natureza do trabalho, automatizando tarefas rotineiras e criando novas funções que exigem competências técnicas e analíticas. Para que os trabalhadores adultos permaneçam atualizados é fundamental que a oferta formativa se adapte a essas novas exigências. Os programas de aprendizagem contínua e formação profissional têm de integrar o ensino de competências digitais, análise de dados e interação com sistemas de IA. A formação tem que ser flexível e acessível, permitindo que os trabalhadores adquiram novas competências sem interromper as suas carreiras. Ajustar a oferta formativa às necessidades emergentes não só promove a empregabilidade, como contribui para a competitividade e inovação das empresas, garantindo que a força de trabalho está preparada para os desafios atuais e futuros.

Durante o seminário, Jeroen Backs, Chefe de Estratégia e Conhecimento, Departamento Flamengo de Educação e Formação, Presidência Belga do Conselho da UE, afirmou: “A Presidência Belga dá prioridade a uma política e prática baseadas em evidências na educação. Traduzir a investigação para a prática educacional é vital. Os resultados da primeira edição do inquérito sobre competências em IA do CEDEFOP podem fornecer informações valiosas que nos podem ajudar a aperfeiçoar os nossos sistemas educativos, garantindo que a nossa força de trabalho está munida com as competências necessárias para o local de trabalho do futuro.”

Em Portugal, no atual período de programação, o PESSOAS 2030 gere o investimento do Fundo Social Europeu Mais para a qualificação de adultos, numa óptica de atualização e elevação de competências da população ativa, para o necessário alinhamento de competências entre a oferta e a procura de mão-de-obra. Com um investimento de 734 milhões de euros, que serão acrescidos de 130 milhões de investimento nacional, o Programa apoia os Centros Qualifica, os Cursos de Educação e Formação de Adultos, as Formações Modulares Certificadas e os Cursos de Especialização Tecnológica, contribuindo também para a meta europeia, inscrita no Plano de Ação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais, de 60% de adultos a participar em ações de formação, todos os anos, até 2030.

A investigação do CEDEFOP sobre o impacto da IA ​​no mercado de trabalho faz parte de um amplo trabalho de investigação sobre competências, que permite a conceção e implementação de políticas baseadas em evidências que visam uma revolução nas competências – a revolução necessária para permitir que os trabalhadores dominem o poder da IA ​​através da melhoria de competências e da requalificação, beneficiando empresas e locais de trabalho.

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