Enfrentar estes desafios exige repensar como interagimos com o ambiente. No relatório, a educação é destacada como fundamental nos esforços de transformação. Ela capacita as pessoas a compreender as complexidades dos sistemas ambientais, entender a interligação dos fatores ecológicos, sociais e económicos e a realizar ações informadas e responsáveis.
O relatório adota uma perspetiva estratégica de longo prazo sobre políticas de educação e competências para um futuro sustentável. É imperativo adotar uma abordagem holística e ao longo da vida para a educação em sustentabilidade. Todas as etapas educativas, desde a escolaridade obrigatória, passando pela formação profissional, ensino superior e aprendizagem ao longo da vida, devem contribuir para o desenvolvimento de competências críticas em sustentabilidade. Estas competências incluem o pensamento científico e sistémico, o pensamento crítico e a capacidade para a ação coletiva, fundamentais para enfrentar as complexidades dos sistemas ecológicos e sociais interligados.
Segundo o relatório, é indispensável uma abordagem integrada e abrangente para a educação e formação profissional inicial e ao longo da vida, que responda às necessidades imediatas e desafios futuros. As recomendações do relatório reforçam a necessidade de alinhar os currículos e programas de estudo com as competências técnicas e transversais necessárias para o mercado de trabalho verde. A formação de docentes em sustentabilidade é um passo essencial para preparar a força de trabalho para as exigências de um mundo em transição ecológica.
A necessidade de fortalecer medidas e ferramentas de avaliação e antecipação de competências, essencial para uma estratégia nacional de competências eficaz é também salientada no estudo. Mais uma vez é recordada a importância da cooperação estratégica entre promotores de educação, autoridades regionais e os vários setores da indústria, adaptando programas iniciais e expandindo oportunidades de requalificação e aperfeiçoamento profissional.
O relatório destaca a crescente necessidade de mão-de-obra altamente qualificada em carreiras sustentáveis e a escassez existente, sublinhando que a transição verde está a criar oportunidades de emprego, de qualidade, sobretudo em ocupações que exigem competências elevadas. Em contraste, empregos verdes de baixas competências tendem a oferecer salários mais baixos e menos segurança no emprego do que outras ocupações de baixas competências, logo menos atraentes.
O relatório da OCDE reforça que as políticas de educação e formação são fundamentais mas que devem ser complementadas por políticas de mercado de trabalho que criem mais empregos verdes e que melhorem cada vez mais a qualidade desses empregos. Melhorar a orientação profissional voltada para a sustentabilidade, direcionando as pessoas para carreiras ambientais é igualmente importante, pode capacitar os indivíduos a transformar a sua motivação em ações concretas, mas por si só não é suficiente. É necessário garantir que a transição verde seja percebida como uma oportunidade equitativa e não como uma ameaça ao bem-estar económico das pessoas.
Em Portugal, o PESSOAS 2030 apoia o ensino e formação profissional para jovens e adultos, através do investimento do Fundo Social Europeu Mais e Estado português, no período de programação 2021-2027. Apoia também o emprego, através de incentivos aos estágios profissionais e apoios à contratação. Os apoios disponibilizados alinham-se com as recomendações do relatório da OCDE, enfatizando a necessidade de preparar os cidadãos para as exigências de um mercado de trabalho em constante evolução, mais verde e mais digital.